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Terça, 20 Setembro 2016 02:44

O salto para a AGROSSOCIEDADE

Por José Tejon

O que nos trouxe até aqui no agro não nos levará mais ao futuro, mas algumas coisas sim, pelo menos uma essencial: aprender a aprender. E agora, com gigantesca velocidade.

A diversidade entra em cena, não apenas na subsegmentação de distintas variedades vegetais e ambientações animais, ou em temas onde já iniciamos como integração lavoura pecuária e floresta, mas agora surge a sensibilidade e a sensitividade da mulher no agro. Retornam das cidades e dos grandes centros, educadores jovens que não imaginavam vir a ser o agro um dia, um espetáculo de engenharia, arte e cultura tão amplos quanto a saga humana espacial. Entramos no nano espaço, na inteligência de um gene, e na construção de sabores, saúde e atrações apetitosas sob a biologia invisível.

Na Embrapa Sudeste Pecuária, uma máquina especial contabiliza quanto um animal expelia de metano. Ao mesmo tempo outros sensores conectados aos brincos, extraem dados um a um numa avaliação das performances individuais, calculam o equilíbrio da sustentabilidade na emissão de gases para a atmosfera versus sua retenção, sob a gestão da lavoura pecuária e floresta, ou numa lavoura com nutrição vegetal do guandu.

A agropecuária de precisão, ou digital, ou virtual, ou smart farming, muda tudo. Assim como, enquanto você lê este artigo, no mundo em apenas um minuto, mais de 700 mil logins são feitos no Facebook, 1 300 viagens no Uber, 69 mil horas de Netflix são assistidas, 2.4 milhões de buscas são feitas no Google, 2.78 milhões de vídeos são vistos no Youtube e não se plantará ou se criará sem as métricas dos sensores e a telemetria das novas máquinas.... As redes sociais encantadas encantam e, ao mesmo tempo podem gerar lunpens digitais, quanto engajamento em profundidade. Precisa saber escolher, em cada detalhe, surge um novo produtor e produtora, e novos consultores, técnicos e distribuidores.

Google vira agro, IED vira agro, Esalq que já é agro, vira Agrossociedade. Quer dizer, o que mudou no mundo, acima de todas as outras mudanças? Velocidade. O mundo ficou veloz, ficou interativo, e somos todos agora, independentemente de gerações, seres humanos imediáticos. Ou seja, imediatos e mediáticos.

Os sensores significam a alteração tecnológica para a gestão revolucionária, e se tudo passa a ficar notado e percebido nos terminais dos mobiles ou de qualquer note ou aplicativo, eu e você somos convocados para um belíssimo incômodo. O de mudar, e aprender a aprender o que não pensávamos que fosse ser necessário aprender.

Um técnico numa integração, um zootecnista, veterinário, nutricionista, um produtor rural contemporâneo, um gestor de marketing, de granja ou pecuária bovina, do leite ou do corte, todos agora, além de submetidos a um benchmarking global e instantâneo, precisam auscultar e interpretar o que essa torre de babel informacional insiste em nos provocar. Estamos invadidos e condenados à gestão dos dados. Mas dados podem ser apenas dados. Os profissionais do futuro serão acima disso criadores de interpretações e coordenadores de tomadas de decisões sistêmicas, muito além do seu tradicional escopo.
Quem vai fazer isso? A nova geração já vem preparada para estes instrumentais. E ainda com a sensibilidade feminina, a mulher passa a ganhar uma presença intuitiva e sensitiva neste novo mundo de um agro inteligente, virtual, digital, o mundo “smart farming”. Mais sensores geram mais sensibilidade, isso amplia a visão da sustentabilidade e consequentemente prepara cérebros para ficarem mais sensitivos.
Iremos assistir o surgimento de “facility digital“, organizações que se desenvolverão no talento da reunião de dados, de criação de softwares práticos e fáceis de uso e de gestão. Afinal a simplicidade será essencial na competitividade deste jogo de gênios, que precisará ser jogado com todos e para todos.

Analisando por essa óptica, vemos também que essa smart farming, ou o novo agronegócio disruptivo exige um olhar diferenciado, o da Agrossociedade.

Sabendo que os pilares para a construção de uma agrossociedade, são o pilar social, o pilar ambiental e o pilar econômico,  e que todos eles devem estar equilibrados para que a nossa cadeia produtiva seja otimizada e progrida geometricamente como falamos acima, o que faremos com cerca de 3 milhões de propriedades rurais brasileiras, que obtém uma renda média mensal de meio salário mínimo, onde 90% do valor está originado em apenas 12% a 14% das fazendas - no caso brasileiro metade desse valor está sendo produzido em menos de 30 mil fazendas?

O ex-presidente da Embrapa, Eliseu Alves, coordenou um estudo revelador da mudança agrária, não só no Brasil, mas no mundo, mostrando que a questão da produção de alimentos não está mais dependente do fator terra, e sim da tecnologia, inovação, investimentos estruturais, educação  e acrescento: planejamento de marketing, pois sem acesso aos mercados, as boas intenções terminam por desfalecer dentro das porteiras das fazendas, mesmo em situações de propriedades bem administradas, em função dos ciclos perversos da precificação das commodities.

Eliseu Alves está certo, seja onde for, médio, pequeno ou grande, não vivem sem uma disruptiva inovação tecnológica, financeira, estrutural e de gestão, a caminho da smart farming.

Uma nova agrossociedade precisa e deve ser tema realista para qualquer governo bem-intencionado. E isso não será feito com conversas eleitoreiras e com a venda de utopias, iremos assistir um retorno ao interior, e a uma necessária inteligência de nichos, e de empreendedorismo de especialidades, tendo nas micro, pequenas e mesmo sítios e quintais, propostas tecnológicas e de negócios familiares, e de indivíduos microempreendedores.

O “agridisruption” chegou, e com ele a Agrossociedade. Isso é tema de interesse de todas as grandes corporações e profissionais do agronegócio, envolvidos e comprometidos não só com o agro, mas com o lado social, econômico e ambiental do mundo.

Da Agropecuária ao Agronegócio, e agora o salto para a Agrossociedade: Local em que se produz e evolui com rapidez e consciência.

José Luiz Tejon Megido
Hoje Tejon é Doutor em Ciência da Educação pela Universadad de La Empresa, no Uruguai. Mestre em arte e cultura pela Universidade Mackenzie. Professor convidado da Audencia Nantes École Management - França (Master of Science Management), Coordenador Acadêmico de Programas da FGV in Company, Coordenador Acadêmico de Pós Graduação e Coordenador do Núcleo de Agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM/SP. Atua também como professor convidado de diversas universidades brasileiras. Eleito por 4 vezes consecutivas palestrante top FIVE do país pelo prêmio top of mind ESTADÃO e medalha do mérito acadêmico ESPM 2013/2014. Especializou-se em Agribusiness pela Harvard Business School, de Boston (USA). Em Marketing pela Pace University de Nova Iorque (USA). Em “New Mídia” pelo MIT, Boston (USA) e Liderança pela INSEAD, Fontainebleau (França). Em 2015 Tejon passou a integrar o Hall da Fama pela Associação Brasileira de Marketing - ABRAMARK e foi eleito prêmio Destaque Imprensa pela AEASP.

Imagem aciagri
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